Já está em funcionamento, no Parque Rodrigo Barreto, o primeiro Ponto de Entrega Voluntária (PEV) de Resíduos da Construção Civil (RCC) de Arujá. Inaugurado nesta quarta-feira (14) pelo prefeito Luis Camargo, o Dr. Camargo, o ecoponto estreia a série de quatro que serão implantados na Cidade. Mirante, Jardim Real e Jardim Emília receberão os outros três. O objetivo é incentivar a população a fazer o descarte correto desse tipo de lixo, o que evitará a poluição de cursos d’água e outros danos ambientais, além de combater riscos à saúde pública, decorrentes da proliferação de vetores de doenças.
O PEV recebe rejeitos de construção civil vindos de pequenos geradores de obras domésticas ou reformas. Significa que uma pessoa pode entregar até 1 metro cúbico (m³) de RCC por dia. Isto equivale a 10 sacos de resíduos de 100 litros ou a 18 sacos de 60 litros ou ainda a cerca de 1.500 quilos, diariamente. Trata-se de restos de construção, reforma e demolição, como componentes cerâmicos, tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, argamassa e concreto.
A Secretaria Municipal de Serviços mantém trabalho de rotina para recolhimento e destinação do entulho, despejado irregularmente, para aterros licenciados na região. Nos últimos 8 meses, a Prefeitura recolheu 10 mil toneladas de RCC descartado de modo irregular, ou seja, quase 6,3 mil metros cúbicos, como informou o secretário Rodolfo Machado.
Existem também empresas de caçambas contratadas por geradores dos rejeitos, que cuidam da destinação final. Contudo, como o serviço particular tem custos, muitos acabam jogando os rejeitos em áreas públicas. “É este comportamento que a administração municipal pretende inibir com o funcionamento do PEV”, ressaltou o prefeito, ao inaugurar o empreendimento, instalado numa área que já foi um espaço de descarte irregular de entulho, o chamado “ponto viciado”. A meta da Prefeitura é que os demais ecopontos também sejam implantados em localidades comumente usadas para despejos ilegais.
A estrutura do PEV inclui duas motocicletas que percorrem a região para identificar outros pontos viciados de despejo de entulho e flagrar eventuais descartes. “O pessoal orienta e fornece informativo sobre o PEV. A ideia não é punir, mas sim, conscientizar as pessoas para que levem o material ao posto e façam a entrega no local, de forma gratuita e ambientalmente correta”, detalha Dr. Camargo. Ele, a primeira-dama Clau Camargo, secretários municipais e vereadores fizeram o descarte simbólico, em caçambas instaladas no ecoponto, dos primeiros resíduos de construção civil. Localizado na Rua Maria de Lourdes Victorino (antiga Avenida E), 11, o PEV funciona de segunda a quinta-feira, das 8h às 17h; às sextas, das 8h às 16; e aos sábados, das 8h às 14h.
Usina de Reciclagem
Seguindo a filosofia de gestão de perseguir o desperdício zero, 100% do entulho recolhido nos ecopontos serão reaproveitados. A Prefeitura acolherá, em fase de testes, a usina móvel de reciclagem de RCC do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat), como anunciou o prefeito na inauguração. Mais adiante, planeja adquirir o equipamento especializado em transformar os resíduos da construção civil em base para asfalto ou cascalhamento de vias rurais.
O material triturado vira pedrisco ou brita para nivelar áreas públicas ou preparar a estrutura para pavimentação. Dr Camargo contou que a primeira experiência feita com o reaproveitamento do RCC em Arujá ocorreu na recuperação da Rua Toshimitsu Sanpei, que liga as estradas da Penhinha e de Santa Isabel. “Usamos o material descartado irregularmente no próprio local. Sem equipamento especializado, fizemos a trituração com as ferramentas disponíveis. Mas, o resultado valeu! Aproveitamos todo o entulho descartado recuperando a via”.
O investimento na máquina para a usina de reciclagem de RCC, na definição do prefeito, significa uma “dose extra de sustentabilidade a Arujá, menos lixo irregular nas ruas e economia na compra de insumos para obras estruturais”. Enquanto o equipamento não chega, todo RCC descartado no PEV do Barreto será enviado para aterro da região, devidamente licenciado.
Para maior comodidade da população, o PEV também aceita madeira, vidro, plástico e outros materiais, exceto gesso. Esses itens serão destinados à Cooperativa de Reciclagem de Arujá (Cora) para que sejam reciclados.
Práticas Ambientais
As ações da Prefeitura para estimular boas práticas ambientais começam com as crianças, alicerçadas num potente programa de educação ambiental desenvolvido nas escolas da rede municipal. Segundo o prefeito Luis Camargo, o conteúdo pedagógico ganhará uma atividade extra: futuras visitas programadas dos alunos ao PEV para conhecerem o processo, aprenderem sobre a importância do descarte correto do lixo e entenderem o destino sustentável dos resíduos da construção civil.
“A iniciativa de implantação dos ecopontos agrega condutas sustentáveis ao conceito de desenvolvimento com prudência ambiental, resgatando a classificação de Arujá como ‘Cidade Natureza’”, sintetizou Dr. Camargo, indicando ações bem-sucedidas, como o funcionamento da Loja Reciclar (Av. Amazonas, 743, Centro), onde a população leva recicláveis e troca pela moeda social Vale Verde. Com ela, adquire itens da própria loja, doados pela população arujaense, como brinquedos, utensílios domésticos, produtos de higiene e limpeza, etc.
Segundo a presidente do Fundo Social de Solidariedade, primeira-dama Clau Camargo, que coordena o projeto, nos últimos 12 meses, foram coletadas 50 toneladas de recicláveis. O número deve chegar a 80 toneladas até o fim do ano. O material coletado na Vale Reciclar é recolhido pela Cora, Cooperativa de Reciclagem de Arujá, para que seja selecionado e reciclado.
Prolongamento de Via
O prefeito Luis Camargo anunciou que, nos próximos meses, a via onde funciona o PEV, no Parque Rodrigo Barreto, terá prolongamento para facilitar o acesso ao Posto de Entrega Voluntária. O novo trecho receberá asfalto e iluminação pública. “Vamos fazer a revitalização do entorno para incentivar as pessoas a usarem o PEV em vez de jogarem entulhos pelo bairro. A meta é simplificar ao máximo a chegada até a área do PEV, da Escola Municipal Hermínia Araki e do futuro Caps (Centro de Atenção Psicossocial)”.
Obra já licitada, o primeiro Caps de Arujá funcionará em prédio vizinho ao PEV, como antecipou o prefeito. Reunirá equipe multiprofissional para atender pessoas com transtorno mental severo e persistente e seus familiares. Oferecerá diversos tipos de atividades terapêuticas, como psicoterapia individual ou em grupo, oficinas terapêuticas, atividades comunitárias e artísticas, além de orientação e acompanhamento do uso de medicação.
Na lista de surpresas anunciadas pelo prefeito durante a inauguração, está o trabalho de longo prazo que Camargo planeja iniciar ainda neste ano, em benefício de cerca de 20 mil pessoas. Trata-se da reurbanização de ocupações consolidadas em áreas desprovidas de infraestrutura. “Envolve situações que extrapolam a usual regularização fundiária, porque é o caso de locais ocupados há décadas, mas sem o devido amparo legal. Nosso plano é contratar uma consultoria para definir o modelo de reurbanização com embasamento em Lei”, comentou.