A Cia. Paulicea de Teatro está realizando o projeto Missão João das Neves: em busca de uma nação imaginada, contemplado na 38ª edição do Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, inspirado na vida e obra do dramaturgo, diretor, ator e poeta João das Neves.
Como parte da programação, o grupo promove shows musicais com Titane e a banda Camiranga na Casa Teatro de Utopias, que fica na Rua Duílio, 46 – Lapa, São Paulo – SP.
No dia 03 de dezembro de 2022 (sábado), às 20h, com entrada gratuita, acontece o show de Titane, que além de ser uma intérprete da geração que renovou a MPB a partir dos anos 80, atuou como diretora musical em espetáculos como em “Galanga Chico Rei”, com direção de João das Neves.
No show, Titane lança mão de diferentes culturas musicais para criar, com segurança e personalidade, seu universo musical. Seu trabalho incorpora pioneiramente as influências do congado mineiro, manifestação de significativas implicações estéticas da população de ascendência negra de Minas Gerais.
Para além dos espetáculos em que atua, a artista realiza, ao lado de Ternos que compõem o Reinado de Nossa Senhora do Rosário, encontros e projetos especiais a exemplo daquele que levou todo o Reinado da cidade de Oliveira a Ouro Preto, durante um dos Festivais de Inverno da UFMG e da montagem do espetáculo “A Santinha e os Congadeiros” por membros das Irmandades do Rosário, com direção de João das Neves. Além de ser responsável pela produção de álbuns emblemáticos para a cultura brasileira, como “Os Negros do Rosário”, registro pioneiro da Festa do Rosário gravado ao vivo durante o Reinado do Rosário na cidade de Oliveira (1987) e “Vôo das Garças”, último disco do lendário violeiro Zé Côco do Riachão.
No dia 04 de dezembro (domingo), às 18h, com entrada gratuita, é a vez da banda Camiranga apresentar um show com repertório de autorais e releituras que dialogam com a vida e obra de João das Neves. Dentre as autorais, destaca-se “Rei Galanga e Boca Miúda”, cuja temática coincide com o espetáculo “Galanga, Chico Rei” (2011), dirigido por João das Neves e Banzo Brabo, escrita por Léo Nascimento em um processo criativo coordenado por João. Dentre as releituras, “Carcará de João do Vale” e “Opinião” de Zé Keti, e “Samba de Roda” de Paulo César Pinheiro, do espetáculo “Besouro Cordão de Ouro” dirigido por João.
O grupo é formado pela cantora e letrista Fernanda de Paula, o compositor, violonista e cantor Léo Nascimento, o baixista e cavaquinista João Rocha e o percussionista e designer de instrumentos de percussão Rômulo Nardes. A sonoridade desse quarteto se faz a partir das vozes, que além de cantar a palavra, compõem a parte instrumental das músicas se desenvolvendo em vocalizes e contrapontos.
Sobre João das Neves
Um dos fundadores do Grupo Opinião, ao lado de Ferreira Gullar, Vianinha e outros nomes importantes do teatro brasileiro, João das Neves foi um encenador e pensador do teatro contemporâneo da América Latina, que deixou como legado uma importante contribuição para a formação intelectual e estética de grupos teatrais de várias partes do Brasil, provocando discussões em torno das múltiplas linguagens e da necessidade de realizar um teatro político sem perder de vista a dimensão da beleza e da estética.
Reconhecendo-se nas diversas lutas culturais e políticas do país, João das Neves realizou sua jornada dirigindo uma infinidade de espetáculos por todo o Brasil, e trabalhando em projetos especiais na Alemanha, onde escreveu uma peça radiofônica.
Sobre a Cia. Paulicea de Teatro
Com 25 anos de existência, a Cia. Paulicea de Teatro sempre norteou sua pesquisa e suas obras a partir de materiais que promovessem um diálogo profundo com a cultura do Brasil e da América Latina, buscando refletir questões artístico-poéticas com espaço de confronto social e político.
Para o grupo, a função do teatro se caracteriza como uma ressignificação poética de nossas mais ricas manifestações culturais, para afirmação de nossa identidade e reflexão sobre o Brasil que temos e o Brasil que queremos. Um campo de investigação efetivo às estratégias da cultura de dominação e poder, reinventando assim, uma subjetivação através de novas formas de existência e resistência.
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