O Brasil vive uma explosão de novos casos de Covid-19 após as festas de fim de ano. Paralelo a isso, a vacinação segue (mais de 68% da população está com as duas doses). Quem tomou a vacina em setembro, por exemplo, já está apto para receber a dose de reforço. Mas se você testou positivo para o coronavírus, quanto tempo depois pode receber a dose adicional?
Uma nota técnica emitida pelo Ministério da Saúde recomenda que as pessoas que foram infectadas com o SARS-CoV-2 adiem a vacinação até a recuperação total (para qualquer dose).
A orientação da pasta é aguardar pelo menos quatro semanas após o início dos sintomas ou quatro semanas a partir da primeira amostra de PCR positiva em pessoas assintomáticas.
“Esse é o tempo de espera estipulado pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS) e por outros países desde o começo da vacinação. Se alguém está com Covid, deve esperar quatro semanas para receber a vacina”, orienta o infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Kfouri explica que esse espaçamento é importante para que a pessoa não confunda as reações e sintomas da vacina com a infecção. Além disso, o sistema imunológico está combatendo a doença e não vai se preparar para receber a vacinação.
“Você deve aguardar alguém que está doente melhorar para tomar a vacina”, diz o infectologista.
Mas se você tomou a vacina enquanto estava infectado, está tudo bem. “Essa recomendação é apenas um cuidado. É natural, em uma campanha onde imunizamos muitas pessoas, indivíduos assintomáticos receberem a vacina”, completa o diretor da SBIm.
COMPLETAR O CICLO VACINAL É ESSENCIAL
Mesmo quem teve Covid deve completar o esquema vacinal. Isso significa que a pessoa deve seguir o calendário proposto para a idade. Se está na hora de tomar a dose de reforço e o indivíduo ainda não tomou, ele não está totalmente imunizado.
Ou seja, se você tem mais de 18 anos e recebeu a segunda dose há quatro meses, já pode ir ao posto de saúde tomar a dose de reforço para completar o esquema vacinal.
“A imunidade trazida apenas pela infecção pode diminuir rapidamente, mais rapidamente do que a imunidade dada pela vacina e, quando você nem percebeu, você já não está mais protegido pela imunidade dada pela infecção”, explica o geneticista Salmo Raskin, presidente do departamento científico de genética da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Rosana Richtmann, infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica que pessoas vacinadas podem até transmitir o vírus, mas a carga viral é muito menor do que o dos não vacinados.
“Uma vez que eu estou vacinada, mesmo que eu me infecte, a quantidade de vírus que eu vou poder contaminar o outro é muito menor do que alguém não vacinado. Não deixe de se vacinar. Espere sua vez, espere seu prazo”, diz a infectologista.
Renato Kfouri lembra que diversos estudos já mostraram que os benefícios da vacinação mesmo para quem já testou positivo para Covid.
“Estudos mostram que entre as pessoas que tiveram Covid, o risco de reinfecção é cinco vezes maior entre não vacinados do que pessoas que receberam a vacina. Isso mostra a importância de tomar a dose, mesmo quem já teve a doença. A indicação da vacinação para quem já teve a doença é absolutamente necessária”, completa Kfouri.