Escola Estadual José Benedito Leite Bartholomei, em Suzano, na Grande São Paulo — Foto: Alessandro Batata/TV Diário
O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), determinou o afastamento de um professor da rede estadual de ensino por posse de arma de fogo nas dependências da escola. Nas redes sociais, o político escreveu: “Inadmissível a conduta desse professor. Determinei o afastamento imediato dele. Isso não é exemplo para nenhum jovem”.
O afastamento foi publicado no Diário Oficial do Estado nesta 4ª feira (21.set). Paralelamente, a Secretaria de Educação enviou um comunicado aos diretores das unidades de ensino. A carta com parecer da Procuradoria Geral do Estado orienta que não admite a conduta e ainda explica a diferença entre posse e porte, contrariando o infrator, que apresentou documentos insuficientes para se defender do ocorrido.
“Trata-se de documentos que autorizam a posse de arma (que não se confunde com porte) para tiro desportivo e o porte de trânsito de arma de fogo. Como a escola, por óbvio, não faz parte do trajeto entre a origem e os locais de prática de tiro, a documentação não autoriza ao professor portar arma dentro da unidade escolar”, afirma o documento.
O caso
Docente de matemática na escola José Benedito Bartholomei, na periferia de Suzano, na Grande São Paulo, o professor Esdra Bandeira da Silva jogava vôlei com alunos quando a arma caiu no chão.
Por sorte, o equipamento não disparou. Questionado pela direção da escola, Esdra teria dito que poderia estar armado porque tem registro de atirador. Porém, a justificativa não procede, mesmo com os decretos de flexibilização do porte de armas editados pelo presidente Jair Bolsonaro. Quem tem posse pode carregar a arma se estiver indo para ou vindo de um estande de tiro.
Contrariado, o professor foi afastado já na época, há exatamente três meses. Ao mesmo tempo, o governo estadual emitiu uma ordem de que professores, sob quaisquer circunstâncias, não poderiam entrar nas escolas com armas.
Dois anos antes, no mesmo município, houve um massacre na escola estadual Professor Raul Brasil. Cinco alunos e duas funcionárias foram mortos. Os atiradores eram ex-alunos. O Brasil triplicou o número de licenças CACs (caçador, atirador ou colecionador) desde janeiro de 2019, quando começou o mandato de Jair Bolsonaro. Atualmente, o país tem pouco mais de um milhão de armas nas mãos de quase 700 mil pessoas.